sábado, outubro 04, 2014

POEMA MALDITO com passarinhos - Luís Capucho/Tive.


Quero tentar reconstituir o modo como nasceu a música que dá título ao disco Poema Maldito. Eu não lembro direito, mas pelos registros de nossa conversa no facebook, acho que ele tinha feito um poema que se referia a mim, cujo nome era Poema Maldito. 
Era início de 2013:
- Tive! Tudo bom?
- Oi Luís! Fiz uns últimos retoques ao Poema Maldito e ficou melhor.
-  Achei que o poema realmente ficou mais fácil com a sua melhorada - respondi.
- Sí, agora mantém um ritmo que antes perdia.
- Sim, ficou mais direto e a gente entende mais rápido. Não sei se porque eu já tava influenciado com a primeira vez que li, entende?
 -Influenciado? – ele perguntou.
- Sim, já tinha lido uma primeira vez e , aí, já tinha umas coisas que eu já sabia... o que demorei mais pra imaginar foi o que saía à borda do elástico. Aí, pensei que você estava falando de uma camisinha explodida he he he..
- Hehehe.  É que eu gosto de pentelhos...rsrsr. Então, gostou um pouco do seu poema?
- Sim...imaginei o Orly. Foi o que me veio à cabeça... – eu disse.
- Ok, eu queria lembrar aquele sentimento – ele falou. Aí, leit@r, o Tive avisou que precisava descansar, mas eu quis continuar falando
com ele e disse que tudo bem, que ele me lesse quando acordasse.
E continuei:
- Engraçado vc ter falado dos caballitos, porque, ontem, depois que almocei fui fazer hora na praia até que desse a hora da musculação. Então, veio um cara todo torto, um deficiente físico, ele usava uma bengala e visualmente era mesmo como um louva-deus.
Então, ele se chegou até mim, puxou assunto e eu alimentei a conversa... ele pediu desculpas por estar me abordando, porque ele se sentia muito só. Disse que tinha marcado um encontro ali com um amigo, mas que levou um bolo. E porque viu que pra mim estava tudo bem, começou a contar de onde morava. Perguntei porque ele tinha escolhido morar só, aí ele disse que gostava de
morar só porque gostava de ver filmes de sacanagem...tomando cerveja. E se eu não queria ir na casa dele ver um filme pornô e tomar cerveja.
Eu lhe falei que tinha um namorado, falei que eu tinha escrito o Orly. Ele gostou de mim e pediu pra se sentar a meu lado. Eu falei que tudo bem. Mas, aí, quando ele se abaixou para se sentar onde eu estava, ele não tinha forças nas pernas pra sustentar o peso dele se abaixando e se estabacou no chão. E não tinha forças pra se levantar.
Demorei a perceber que ele não conseguiria se levantar sozinho e ele ficou como que agonizando a meu lado um tempo na tentativa de se levantar... quando percebi a dificuldade dele, ajudei pra que ele se levantasse e fui embora e deixei ele sozinho. Mas fiquei impressionado...
Alguns
dias depois, pra minha alegria, leit@r, o Tive mandou:



"POEMA MALDITO

Me encuentro en la playa con un sujeto tullido que busca intimar conmigo.
Sus brazos atrofiados le hacen parecer una mantis religiosa.
Conversamos.

Me dice que vive solo, que lo prefiere así, pues gusta de echarse en el sofá y ver películas porno.
Yo le digo: "Soy Luís Capucho, autor de Cinema Orly, y tengo novio".
En cualquier caso, él me invita a su casa a ver una película porno
y tomar cervezas.

Entonces se aproxima y trata de sentarse a mi lado, pero de algún modo cae al suelo con extraños movimientos que no entiendo.
Tardo un tiempo en reparar que no puede levantarse solo,
y me marcho de allí, abandonandolo en su agonía de insecto moribundo."
E traduzi e coloquei melodia. Pedi a Pedro que me filmasse:

Veja:

Poema Maldito (Luís Capucho/Tive)


Estou na praia com um sujeito aleijado Que busca intimidade comigo Ele tem os braços atrofiados E isso faz com que ele se pareça um louva-deus sagrado Estamos conversando Ele me diz que vive só E que prefere assim Porque gosta de se deitar no sofá A ver filme pornô Eu disse: sou o luís capucho e escrevi o Cinema Orly E tenho namorado. Em todo caso ele me chama pra beber E ver filme pornô na sua sala Então, se aproxima e trata de sentar-se do meu lado Mas não sei como aconteceu Ele caiu no chão Ele caiu no chão Com movimentos estranhos que não entendo Fico um tempo a reparar que não vai se levantar sozinho E vou embora dali E o abandono em sua agonia de inseto moribundo.

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